Nunca pensei escrever sobre este tema em plena pandemia internacional mas a verdade é que os relatos que tenho recebido são no mínimo surreais e revoltantes!
Infelizmente, em pleno século XXI muitas, mas mesmo muitas entidades empregadoras, ainda tratam os seus colaboradores como simples números, objectos descartáveis, que rapidamente se substituem face à necessidade do próximo! Fiquei devastado por receber feedback de autênticos terrores psicológicos e numa situação tão delicada como a que vivemos! Situações lamentáveis que infelizmente somente são aceites devido à educação que recebemos ao longo dos tempos!
Em plena pandemia, as empresas estão financeiramente instáveis e como tal, todo o esforço do colaborador, anos de luta e contribuições são esquecidos, as costas viradas e tudo em função de uma perspectiva, de uma moeda que escassa agora em ser brilhante!
Sim, devem ser tomadas medidas mas é intolerável ouvir casos de chefias que pressionam os seus colaboradores a ponto de os próprios apelarem ao seu despedimento. Há casos de pessoas de risco, a solicitar o trabalho em casa e os empregadores, de forma intransigente e ameaçadora, as colocarem em zonas de trabalho com ainda maior risco de contágio, como se de um castigo e exemplo se tratasse... Já não falo dos "patrões" que com medo desta pandemia se refugiam em casa mas que obrigam a deslocação de todos ao local de trabalho, havendo possibilidade de teletrabalho, contribuindo assim para um potencial aumento dos casos e tudo porque a confiança ainda não existe...
Estamos de facto num mundo virado ao contrário! Uma realidade partilhada por muitos, que muitas vezes é encarada com um simples encolher de ombros... Precisamos com urgência de rever todo este fluxo social em que vivemos!
É hora de parar e repensar no que está certo e errado!
Dos testemunhos ouvidos, rapidamente entendi que tudo ocorre pelo simples medo de dizer não! Um medo que se repete pelas várias hierarquias e que juntos se tornam num ensurdecedor e medonho não! Um não que passa a negar o próprio valor e que socialmente e infelizmente se torna normal.
Não posso mudar a realidade de quem se reconhece, mas posso contudo constatar que cabe ao próprio, a decisão de dar como certo o que não é certo ou de lutar por algo incerto!
Por questões de necessidade, colocamo-nos na posição de servir e o que era para ser inicialmente molda-se e sem que nos apercebamos, torna-se numa obrigação!
Acabamos por perder o nosso vigor, a nossa forma de ripostar, face a situações, que outrora nos faziam falar!
A incerteza é tanta que chegamos ao ponto de nos reprimir! Achamos que por vezes nos precipitamos quando na verdade só nos revelamos...
Consequências que afastamos por decisões que não tomamos...
Escrevo porque me revejo, não no presente mas num passado recente e sinto, que deve ser passado, para quem ainda o sente!
Acima de tudo esta reflexão serve para demonstrar que na maior parte das vezes, as situações em que nos encontramos são tal e qual as que nos colocamos, sem nunca na verdade entendermos o porquê de as vivenciarmos...
Talvez seja mesmo hora de parar e repensar que afinal somos todos iguais. A economia, o trabalho, as posições, as aquisições, tudo!...Tudo foi criado por nós e como humanos trabalhamos em uníssono, para que consigamos crescer, servir e garantir um futuro melhor para cada um de nós... A vida, essa, foi-nos dada! E sem demora deve ser aproveitada!
Comentários
telmasilva
Sex, 2020-04-03 20:47
Concordo a 100% contigo. Infelizmente, nesta fase, há quem diga "sorte depois disto é ter trabalho", como se tudo o resto se tornasse aceitável.