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A longevidade e a cura da demência ao nosso alcance
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Saúde
11/08/2020

São muitas as famílias que se deparam com problemas de demência no seu dia-a-dia. Esta realidade não só é desesperante para quem lida com doenças deste foro, como por exemplo o Alzheimer, como também é desesperante o facto de sabermos tão pouco sobre a cura de doenças deste tipo.

Podemos dizer que a procura tem sido intensa e que se gastam milhões na busca de um comprimido ou de uma possível cura mas resta saber se o investimento está a ser aplicado da melhor forma e no momento apropriado.

Segundo a investigadora Kylie Fuler, a conclusão a que tem chegado desde os primórdios da sua investigação, é que as causas de doenças deste foro estão relacionadas com o stress.

Num artigo que escreve, chega mesmo a fazer referência a George Burns, onde o mesmo afirma o seguinte:

“Se me perguntarem qual é a chave mais importante para a longevidade, eu diria que é evitar preocupações, stress e ansiedade".

São muitos os factores que contribuem para a demência, desde factores ambientais, alterações neurológicas a toxinas no corpo, no entanto todos eles têm como base o stress. Segundo a investigadora, a genética também desempenha um papel no desenvolvimento da doença, no entanto com excepção de casos mais extremos, não existe um gene que codifique para a demência. Em todas as investigações que fez, a conclusão que obteve foi quase sempre o stress físico ou psicoemocional.

Em 2010, um grupo de investigadores concluiu que o stress crónico aumenta significativamente a probabilidade de as mulheres desenvolveram demência.

Em 2013 foi descoberto que o stress crónico acelera o início da doença de Alzheimer.

Em 2017, uma metaanálise apontou o stress como um provável condutor à demência. No mesmo ano, um outro estudo usou, com sucesso, medidas de stress para prever o início de demência.

Segundo a referida investigadora, estes são 4 dos inúmeros estudos que apontam para a mesma conclusão: O stress contribui significativamente para a perda de memória, declínio cognitivo e demência.

Apesar desta conclusão, a investigadora afirma que esta é uma resposta simples mas não uma solução simples, porque apesar de a sociedade querer apostar na cura da demência, não quer mudar o estilo de vida.


Infelizmente, a sociedade sujeita-se a um comprimido ou a uma injeção para manter uma mente aguçada e uma memória intacta. Apesar de vários cientistas alertaram para o problema do stress, a sociedade prefere não ouvir porque não é a solução procurada.

A investigadora diz ainda que este padrão de escolhas não se resume somente ao problema da demência. A sociedade moderna tem por hábito escolher os conselhos científicos que deseja seguir. Isso é especialmente evidente no Estudo da Zona Azul.

Kylie Fuler faz referência ao best celler publicado por Dan Buettner em 2009, "The Blue Zones: Lessons for Living Longer From the People Who’ve Lived the Longest", onde foram analisadas as comunidades com maior longevidade. Nessa investigação, além de uma vida mais longa, essas comunidades apresentaram taxas significativamente mais baixas de depressão, demência, cancro e doenças cardíacas. Rapidamente a nossa sociedade moderna, tentou imitar o estilo de vida da Zona Azul, desde que este não interferisse no estilo de vida que praticamos. Qual era a dieta deles? Que ervas tomavam? Com que frequência eles bebiam, dormiam, faziam exercícios? Mas raramente nos perguntamos: como é que viviam?

Dois anos depois do The Blue Zones, um grupo de pesquisadores da Universidade de Atenas publicou um estudo sobre a sociodemografia e o estilo de vida dessas pessoas. Embora a dieta, o sono e outros hábitos saudáveis contribuíssem para a longevidade, o estudo concluiu que esta seria um produto de socialização regular, senso de propósito e baixos níveis de stress. A investigadora diz ainda que o estilo de vida das pessoas da Zona Azul difere muito da cultura de corrida de ratos que permeia na sociedade ocidental. Diz que eles vivem de forma simples e enfatizam a comunidade. Que isso não quer dizer que devamos rejeitar a modernidade, mas que existem elementos da nossa cultura moderna que são inegavelmente tóxicos. Afirma que enquanto não estivermos dispostos a eliminar esses componentes stressantes, estaremos sujeitos aos seus efeitos.

Kylie Fuler espera também que se encontre o tal comprimido brilhante, mas termina com a seguinte questão: E se a única resposta for mudar o nosso estilo de vida? Simplificar, mudar as nossas prioridades e eliminar o stress da melhor maneira possível, mesmo que isso signifique abrir mão de uma casa grande ou de um carro de luxo? Podemos fazer isso?

Uma questão pertinente, que põe em xeque o dia-a-dia de todos nós. Eu acho que sim, e tu?

 

Foto de JD Mason em Unsplash

Referências: https://medium.com/illumination/weve-known-how-to-combat-dementia-for-years-we-re-just-not-listening-4aa9fa9b757a
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Comentários

telmasilva

Qua, 2020-12-09 11:20

Já devíamos ter ido por esse caminho há muito. Muita gente vive ansiosa e stressada, podiam ter uma vida muito mais tranquila se fossem alterados hábitos.

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