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Será que a felicidade anda de mão dada com o conhecimento?
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Sociedade
27/03/2020

Existe o estereótipo que uma pessoa inteligente ou com muito conhecimento é tendencialmente mais infeliz. A nossa percepção e interpretação do que nos rodeia muda à medida em que obtemos mais conhecimento. Os medos e as preocupações tornam-se maiores, o espírito de comunidade e a empatia crescem e ficam mais fortes e as tarefas ou atividades, tornam-se escapes a certos pensamentos e sensações que não queremos ter.

Por outro lado o conhecimento pode ser uma arma contra a infelicidade, pois permite ver as situações com mais perspectivas e isso pode-se tornar muito importante na forma como encaramos certos acontecimentos ao longo do nosso percurso mas continua a ser um caminho mais difícil de percorrer. 

Quanto mais sabemos, mais nos apercebemos o quão pequenos e insignificantes somos perante o infinito do cosmos e acredito que essa sensação de insignificância faz-nos ser melhores indivíduos, com isto pretendo dizer que nos torna mais éticos e empáticos, porque faz nos afastar do narcisismo e egoísmo quase inerente da nossa atual sociedade. Mas melhores pessoas não quer dizer mais felizes.

Segundo alguns estudos, "nova informação ou conhecimento eleva o nosso nível de consciência sobre o que acontece à nossa volta, ou seja, reagimos mais ao meio em que vivemos, e com isto aceleramos o sistema nervoso central o que pode provocar mais stress e mais ansiedade e isto poderia ser a prova científica de que a ignorância possa ser uma benção".

A ignorância ou a falta de interesse em saber mais, pode-se apresentar como um dos meios mais eficazes para alcançar a sensação de felicidade de uma forma mais fácil. Simplifica as nossas interações humanas e coloca-nos no epicentro do nosso próprio Universo e pode fazer com que por vezes viver não seja um fardo tão pesado. Essa leveza , ou abstração do conhecimento funciona como um "ansiolítico", deixa a acomodação e a passividade apoderarem-se do tempo. É um caminho mais fácil, mais confortável, propenso ao sentimento de felicidade com determinadamente pouco, mas do ponto de vista humanitário, deixa muito a desejar.

"A felicidade do homem que conhece aumenta a beleza do mundo e torna mais ensolarado tudo o que há; o conhecimento põe a sua beleza não só em torno das coisas, mas, com o tempo, nas coisas; — que a humanidade vindoura dê testemunho dessa afirmação!”

– Nietzsche, Aurora, §550

Como Nietzsche afirma, o conhecimento também pode ser um catalisador da sensação de felicidade, só temos que saber lidar com ele e aplicá-lo da melhor forma. O caminho feito na busca do conhecimento é sem dúvida mais difícil, mais desafiante e mais propenso a infelicidade mas não o torna definitivamente infeliz.

Concluindo, podemos escolher o caminho mais fácil, ficar alheios ao mistério que é a vida, ou podemos enfrentar este mistério que por vezes pode ser duro, indesvendável e injusto mas com muito mais perspectivas, que podem tornar a descoberta em algo incrível.

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Comentários

António Ferrete

Sex, 2020-03-27 14:47

Uma reflexão que caracteriza muito bem a luta interior com que cada um de nós se depara no dia a dia! Infelizmente, talvez pela comunicação e interesses sociais se focarem em matéria supérflua, somos incentivados a desacreditar do caminho fértil e deixamos que este estado social nos tome... Felizmente ainda temos quem o veja e possa contribuir para uma mudança profunda nessa percepção!

Parabéns pelo artigo!

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