Quando se pensa que se pensa os próprios pensamentos, o facto de deixar de lado os pensamentos e observar de um ponto externo, cai-se no mesmo tipo de consequência de se ver em duplicado. Assim, pensar que se pode absorver conhecimento pensando nos próprios pensamentos, ou a existência de uma preocupação sem fundamento mas que devido à ineficácia de não conseguir parar de pensar nessa preocupação, a preocupação acaba por existir porque existe preocupação. A isso é o que se chama de ansiedade.
É uma batalha que quase todos têm ou terão entre a razão e a emoção, é uma batalha entre o passado e o futuro, é uma batalha entre as próprias projecções e a realidade. Mas, como em qualquer batalha, às vezes ganha-se, às vezes perde-se, mas a suposição importante aqui é que nenhuma das situações será perpétua. A origem pode ser bastante diversa, mas todas as possíveis origens tem como finalidade, a projeção de uma futura realidade que eventualmente poderá acontecer ou a projecção de um passado presente num futuro próximo.
Toda a ideia da impulsão estar diretamante relacionada com a causalidade da vida mover-se sob o poder do passado está tão arraigado no senso comum que é muito difícil combater isso mas o facto é que o passado é fruto do presente, esta persistência na forma como somos movidos, determinados pelo passado, é uma escolha própria porque a realidade é que o desenho do passado começa agora.
O propósito da vida não está no futuro e continuar a pensar que está perpétua a procura por esse propósito que nunca terá êxito porque o futuro à sua própria maneira desaparece da mesma maneira conforme o passado se desvanece. E quando se conclui que a derrota na batalha contra o tempo é iminente e que esse propósito não está lá, a sensação de um vago engano sobre toda essa busca infindável apodera-se do próprio estado de espírito.
No momento presente é onde toda a concentração deve estar, pois é onde se desenha o passado e o futuro. Não é por acaso que a meditação, que ensina a viver e a pensar no momento presente, é uma forte aliada contra o excesso de ansiedade. Quanto mais tempo se gasta no presente, menos se perde nas projeções passadas ou futuras que podem ser tão nocivas e devastadoras do momento presente.
No primeiro ponto final, o pior vai acontecer, todos morremos. Não é algo que deve ser considerado mais tarde ou ser posto no fundo da mente, é a coisa mais importante a se considerar agora, porque permite chegar à conclusão de que é a misericórdia da natureza, porque permite deixar ir os pensamentos menos bons e não desperdiçar tempo e a energia em autodefesa dos mesmos. Não existe nenhuma medida ou quantidade de ansiedade que possa ter algum tipo de interferência no que vai ou possa acontecer.
A questão é “Estamos aqui?". A maioria não está, a preocupação com o ontem e a pergunta do amanhã estão presentes e essa é a definição de sanidade, é tudo isso existir. Ser lembrado e viver é estar completamente alerta, disponível para o presente, porque esse é o único lugar onde se existe. O ontem não existe, o amanhã nunca chega, só existe o agora.