Somos um mundo subjugado aos sabores da tecnologia.

Já lá vai o tempo, em que uma decisão era tomada com consciência e com conhecimento de facto, no entanto hoje e com a facilidade da informação, clicamos num like ou numa partilha sem saber concretamente o que estamos a fazer.

Não temos a ideia clara da informação, nem mesmo da sua origem, mesmo assim interagimos e sobretudo não sabemos quais as consequências dessa mesma interacção e mesmo assim continuamos a interagir...

Na verdade, não entendemos qual o processamento que está por trás de toda esta teia e enredo tecnológico e simplesmente deixamo-nos levar pelo scroll constante que em muito se assemelha às slot machine de um qualquer casino.

Nunca em tempo algum, a sociedade esteve tão viciada e em sintonia como nos dias de hoje. As redes sociais e a web em si, tornaram-se num casino global, onde nós somos o produto e o lucro é a nossa manipulação.

Somos marionetas do sistema, mas não só do sistema político. Somos sobretudo marionetas do sistema económico que se rege sem rédeas pela inteligência artificial. Algoritmos que nos dão aquilo que queremos ver e que de forma isolada nos moldam numa identidade imprópria e sem sentido.

Uma sociedade que cada vez mais está separada e desconfiada do próximo, noticias que ocorrem sem qualquer tipo de fundamento e que com um like dão asas a novas notícias com o mesmo conteúdo e o mesmo fundamento.

Estamos no limiar da estupidez humana! Criamos uma máquina com o único objectivo do lucro e sem entendermos caímos num esquema que a cada dia que passa nos separa mais de nós próprios.

É tempo de se entender que a tecnologia é fabricada pelo homem e que tudo o que está por trás de um ecrã é tecnologia. A informação já não corre pela boca, nem pela mente mas pelos dedos de um pedaço tecnológico.

O feed de um Facebook, Twitter, Instagram, YouTube ou qualquer outra rede social, é construído tendo como base a identidade de cada um. Aquilo que é visualizado é fruto de cada uma das interacções que tivemos no mundo online. Desde um like, a uma partilha ou até mesmo o tempo que ficamos a olhar para uma fotografia ou para um post. Cada uma dessas interacções é gravada e armazenada num perfil próprio com o único objectivo de saber e comercializar o que iremos querer ou ver a seguir.

Uma opinião contrária à nossa, é cada vez mais ignorada e a certeza de um mundo certo dá lugar a um ego desmedido. A informação é de tal forma manipulada que vemos somente aquilo que queremos ver e sem que nos apercebamos tornamo-nos cegos e ignorantes, criando assim uma sociedade fraccionada por ideais lucrativos.

Já lá vai o tempo em que que a normalidade era a interacção feita em comunidade real, em que a opinião era debatida cara a cara e onde na discordância se encontrava a evolução social.

Podemos dizer que estagnamos os nossos sentidos e que como nunca, a máquina controla o homem. Estamos perante uma sociedade em piloto automático e a mudança só é possível através da consciência e da responsabilidade social de cada um de nós. Estamos perante um caminho que tem por horizonte a futilidade, o lucro e a auto destruição...