Vamos lá a apresentações…. Sou a Helena Ferrete, terapeuta da fala que ama a sua profissão. Uma das razões pela qual a amo, é a variabilidade de áreas de intervenção, que a tornam uma das profissões menos monótonas que conheço!
De acordo com a definição da American Speech- Language-Hearing Association, o Terapeuta da Fala é o profissional que se dedica à prestação de serviços clínicos, prevenção, educação, administração e investigação nas áreas da comunicação e deglutição desde a infância até à idade geriátrica. Durante o ciclo de vida do ser humano, este profissional, pode representar um papel de promotor de competências e de melhoria da qualidade de vida, em cada uma das etapas do desenvolvimento humano.
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As áreas de atuação do Terapeuta da Fala são:
Comunicação – promover meios de comunicação a crianças, jovens e adultos que não podem comunicar através da fala.
Linguagem – desenvolver ou reabilitar competências linguísticas faladas e/ou escritas em crianças, jovens e adultos.
Articulação – melhorar a articulação de sons da língua portuguesa, quer em crianças como em jovens e adultos que por lesão ou doença tenham perdido essas competências.
Voz – intervir ao nível de patologia vocal benigna em adultos e crianças (nódulos, pólipos, entre outros) ou maligna (laringectomizados e consequente perda vocal)
Fluência – trabalhar a alteração na fluência do discurso e a comummente denominada de gaguez.
Motricidade Orofacial – envolve alterações na musculatura orofacial e cervical que comprometam qualquer umas das áreas previamente mencionadas; assim como situações de correção de oclusão dentária.
Deglutição - desde alterações de sucção em recém-nascidos a perturbações na mastigação e deglutição em adultos e idosos.
Podemos assim dizer que, o Terapeuta da Fala pode ter um papel preponderante ao longo de toda a vida do ser humano nas funções mais básicas.
Então Quando Procurar um Terapeuta da Fala?
Atendendo às diversas áreas de atuação do terapeuta da fala, podemos afirmar que é pertinente e aconselhável procurar uma avaliação deste profissional sempre que surgir alguma dificuldade ao nível da Comunicação, Linguagem, Articulação, Voz, Deglutição e/ou Motricidade Orofacial.
Penso que, o fundamental é que a população compreenda que a identificação precoce de algumas alterações leva à correção eficaz das mesmas. Assim, em caso de dúvida, o ideal é procurar a avaliação especializada.
Nesta época de isolamento social a que toda a população está sujeita, muitas crianças “perderam” a oportunidade de manter as suas sessões de Terapia da Fala, fundamentais ao desenvolvimento de competências que de outra forma estariam dificultadas. Então, o que podem os pais fazer para diminuir o impacto da ausência de terapia? Antes de mais, contactar a terapeuta que usualmente os acompanha de forma a conhecer as melhores estratégias para cada caso. As áreas de intervenção são imensas, tal como referi anteriormente, mas tentarei periodicamente fornecer algumas sugestões relacionadas com cada área.
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Neste primeiro artigo falarei de desenvolvimento da comunicação e linguagem na 1ª infância, isto é, dos 0 aos 3 anos. Tentarei fornecer algumas estratégias para incluir na rotina diária, uma vez que é através desta que as crianças desenvolvem a maioria das competências linguísticas. Se pensarmos bem, é lógico que assim seja, uma vez que as repetimos diariamente estando assim, o primeiro passo para a aprendizagem conseguido: REPETIÇÃO.
- Todos os dias de manhã, diga “Bom Dia”!
- Durante a muda de roupa e fralda, diga o nome de todas as partes do corpo e toque com alguma pressão (não exagerada) na parte do corpo que estiver a nomear. Diga o nome das peças de roupa e mostre-as à criança, deixe-a explorar. Dê opções de escolha da roupa, entre duas peças deixe que a criança selecione e valorize qualquer forma de comunicação, seja o olhar ou o apontar, diga o nome de peça e aguarde alguma resposta.
- Durante as refeições dê opções de escolha da colher ou do alimento, apresente todos os objetos e alimentos, diga os seus nomes e aguarde a resposta.
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- Brincadeiras como encaixes, colocar objetos em caixas; fazer receitas, ver livros (a leitura deve ser realizada desde os primeiros meses) são fundamentais para uma atenção conjunta. Estando a mãe e/ou o pai, assim como a criança, foca dos na tarefa e na brincadeira. Mais uma vez diga o nome, aguarde a sua vez e permita que a criança tente realizar a tarefa, apontar ou nomear alguma imagem.
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- O banho é um momento fundamental para mais uma vez nomear partes do corpo e objetos, portanto use e abuse desse momento.
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- Finalmente a hora de deitar, associe este momento, a uma luz ténue, uma música de embalar e relaxe... Apesar de ser um momento de muita ansiedade para várias famílias, se associar sempre a mesma rotina ao momento de dormir vai potenciar a antecipação da criança ao que vai acontecer e diminuir a tensão.
Como vemos as estratégias nesta primeira fase são muito orientadas pela repetição, pela capacidade de esperar uma resposta da criança; pela nomeação de tudo o que os rodeia; pelo tempo dedicado à criança. Associar uma música a cada rotina pode permitir a antecipação do que vai acontecer e facilitar a compreensão por parte das crianças, para além de ser um estímulo que a maioria, gosta imenso.
Aproveite este isolamento para vivenciar com o seu filho momentos que nunca mais voltarão atrás. Muitos de nós estão em teletrabalho, mas com uma rotina bem organizada tudo é possível! E provavelmente nunca mais teremos a possibilidade de dedicar tanto tempo aos nossos filhos!
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Tal como costumo dizer: Bendita Quarentena, teremos laços mais fortes com os nossos filhos após este “pesadelo” passar.
Comentários
António Ferrete
Sáb, 2020-04-04 01:09
Alta iniciativa! Adorei, vou acompanhar! ;)
Nunca pensei que elementos tão simples fizessem tanta diferença! A verdade é que com a pressa do dia a dia muitos se esquecem dessas pequenas coisas que na verdade se revelam enormes no desenvolvimento da criança!
irenepires
Sáb, 2020-04-04 02:10
Adorei.
Parabéns pela iniciativa.
Vou seguir concerteza.